É certo que já aproveitei uma escala de quatro horas no Charles de Gaulle para fazer uma “degustation d´huitres” no Garnier. E que eu sei que o nosso melhor Cavaco não é o de Belém mas o do mar dos Açores, em coabitação com a craca. E é sabido que estou em pulgas por voltar ao “Es Moli del Sal”, em Formentera, para me deleitar com o “arroz negro de bogavante”. Ou seja, o marisco é para mim uma perdição. Literalmente. Nem Danacol nem Inegi, 260mg/dl repartidos pelos crustáceos e o Queijo da Serra .
Mas de entre todos, o meu preferido é um pequeno crustáceo, patinho feio dos mariscos, repugnante aos olhos de tantos, improvável preciosidade gourmet, apenas apreciado na nossa Península Ibérica. Aprendi a gostar de percebes nos fins de tarde de Verão dos anos 60, na praia do Mindelo. Com o meu pai, numa esplanada, para ele um fino, para mim uma Laranjina C, e um pratinho de percebes. Que o dono do café apanhava durante a maré vaza no majestoso Penedo de Guilhado.
Carnudos, suculentos, o oceano inteiro dentro do seu pedúnculo, sorvido até à última gota. Os melhores são os mais grossos e menos longos, alaranjados, com o sabor mais concentrado que os de pedúnculo mais longo.
Os nossos vizinhos galegos dizem “auga a ferver, percebes botar, auga a ferver percebes sacar”, ilustrando a simplicidade da preparação. O que não impede que sejam incluídos ns menus de restaurantes como o “Martin Berasetegui” ou o “El Bulli".
Claro que o Adrià não se limita a fervê-los em água.
Os nossos vizinhos galegos dizem “auga a ferver, percebes botar, auga a ferver percebes sacar”, ilustrando a simplicidade da preparação. O que não impede que sejam incluídos ns menus de restaurantes como o “Martin Berasetegui” ou o “El Bulli".
Claro que o Adrià não se limita a fervê-los em água.
Para os comer é necessária uma apurada técnica para não acabar o petisco com a nossa camisa e a do vizinhos borrifada em tons laranja. Há que agarrar o bicho pela unha, com a ponta virada para cima e com a outra mão, de modo gentil mas decidido, arrancar-lhe o pedúnculo. E saboreá-lo. De preferência ao pôr do sol. Com a frescura dum Alvarinho a embalar o fim de tarde.
2 comentários:
São o melhor sabor de Verão!
Olá
Depois de algum tempo ausente, nada como passar pelos prazeres para me alegrar...
Esta posta fez-me recordar fins de tarde em Espinho, na esplanada do "Aquario Marisqueira", em família e com amigos...
Porém por muito que tente acho que nunca consegui chegar a casa com a roupa imaculada...:-)
O que é feito do lanterna?
A luz apagou-se?
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