sexta-feira, setembro 29, 2006

DVDteca - Grandes Mestres do Cinema (15)

MANHATTAN ( 1979) de Woody Allen


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DVDteca- Marilyn no "Público"

O Público lança hoje uma colecção de DVD com nove filmes de Marylin. Clássicos como "Quanto Mais quente Melhor" e o Pecado Mora ao Lado" de Billy Wilder, "Paragem de Autocarro"de Joshua Logan, " Os Homens Preferem as Louras" de Howard Hawks, "Rio Sem Regresso" de Otto Preminger e "Niagara" de Henry Hathaway. Imperdoável ficar de fora o melhor filme com Marilyn, "Os Inadptados" de John Huston, último filme de Clark Gable e Marilyn.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Don't call me a legend...



15 anos sem Miles Davis

Archie Shepp



Saxofonista rugoso, furiosamente expressionista, Archie Shepp é um dos grandes nomes do free jazz dos anos 60/70, activista do Black Power, de que já falei a propósito do seu album "Blasé", um dos LP's do meu baú.

Nunca cessando de mergulhar nas raízes do blues, combinando tradição com avant garde, surge-nos agora num reencontro com o grupo marroquino Dar Gnawa. Descendentes de escravos negros os Gnaouas , numa tradição secular,elaboraram uma música que combina as tradições africanos com o chamanismo islâmico, em evoluções ritmicas fascinantes. Juntando a espiritualidade da música gnaoua às suas próprias memórias de infância, é um Shepp lírico e melancólico que nos irá surgir em palco na sala Suggia da Casa da Música a 5 de Outubro.

Bilhetes à venda aqui.

terça-feira, setembro 26, 2006

O diabo é eunuco?


Convidou-me o meu amigo Fernando Vaz a participar neste Prazeres do Diabo. De que eu desconhecia a existência. Do blog. Enviou-me um e-mail com o convite. Que lhe daria «um prazer dos diabos» juntar-me ao seu «antro hedonista». Depois de discorrer pelo blog, concordei. Com a do «antro». Também eu gostaria de poder cultivar, assim, a vida. De ter ocasião de viajar por sítios destes. Visitar galerias, museus, palácios. Fruir a cultura e o património, requintados, dos outros. E depois relatá-los. Os prazeres. Com fotos. Com vídeos. E com palavras.

Só que não tenho esses hábitos. Assumo, desde já, ser mais do tipo caseiro. E que, habitualmente, não troco as mostras na Filantrópica pelas da Tate Gallery. Que sou mais fiel da rede Ibis que do Kempinski Courthouse. E que a minha tabela restaurativa, pelo menos a internacional, é perfeitamente underground. Tem bem menos chef’s e, até, chega a resvalar para o Mc’Donalds. O que assumo ser uma vergonha. E muito mais num blog de médicos. Confesso, também, que troco, amiúde, a música do Shostakovich pela do Rodrigo Leão. Cujo concerto, igualmente intimista, no Auditório Municipal, me deu um grande prazer. Hedonista menor? Uma machadada nas pretensões do blog? Logo se verá. Acredito, piamente, que uma qualquer segunda entrada no Browns não suplantará, seguramente, o prazer da descoberta da Estalagem do Crato. Tudo, na vida, será, assim, relativo. Desde logo, o prazer. Ou prazeres. Mesmo os do diabo.

By the way, o Diabo é eunuco? O Fernando diz-me que o seu blog só «…fala de prazeres. Um livro, um vinho, um filme, um charuto, um poema, um restaurante, um disco, um hotel, um concerto, uma viagem, um momento, um estado de alma.» Concordo com a lista. Mas, não faltará mais nenhum? Prazer? Recordo José Pedro Gomes, aqui há alguns anos, no S. João, n’«O que diz Molero». «O mais importante da vida é a tusa!» No que seria, para mim, uma revelação. A desvalorizar as dezenas de anos que perdi a ler filosofia. Depois disso passei, então, a acrescentar. «Seja lá ela qual for!»

Estranho, entretanto, a fixação dos limites. «De fora ficam política e futebol.» Haverá melhores temas para desfrutar prazeres? À sombra de todos os maniqueísmos? E, talvez, por isso mesmo? Entretanto, reparei que o Fernando os infringiu. Na visita à capelinha de Stamford Bridge. Lá está ele, de blue paramentado. Prova de que o apelo do nacionalismo também é um prazer. Tal qual o bacalhau frito antes do jogo. Certamente, maiores prazeres, por serem servidos lá fora.

Um prazer é, concerteza, o da amizade. Unânime, creio. Tal como o maior de todos os prazeres. O amor. Espero que unânime, também. Será em nome da amizade, então, que entro neste blog. Pelo prazer, também, da partilha. Esforçando-me por acrescentar algo. Under my own point-of-view.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Mark Rothko


Os “Seagram Murals”, obra maior do pintor expressionista abstracto Rothko, o favorito do meu amigo Rui G., são a obra emblemática da Tate Modern.

A obra está ligada à lenda e a um enigma. Nasceram de uma encomenda do restaurante “Four Seasons” no Seagram’s Building em Manhathan, arranha céus que é uma jóia arquitectónica de Mies van der Rohe. Na década de 60 o restaurante era símbolo de opulência e poder. Ainda nos dias de hoje CEO de grandes companhias americanas, embaixadores, Henry Kissinger têm lá mesa marcada para o almoço. As suas paredes parecem um museu com obras de Pollock, Picasso e Miró.

No final da década de 60 Rothko pintou nove quadros que deveriam decorar as paredes do restaurante. A inspiração foi buscá-la a Florença e a Michelangelo.

Os murais de Rothko na Tate Modern encantam na sua opressão e crueldade. Um crítico deles disse que parecem existir na parte de dentro das pálpebras. Representam as últimas luzes e cores registadas por um cérebro prestes a desligar.





Diz-se que Rothko concebeu os murais como arte violenta, vingança estética , para atormentar as refeições no restaurante que ele definiu como "a place where the richest bastards in New York will come to feed and show off". O seu projecto era criar uma anti-arquitectura que perturbasse a prdem racional de Mies van der Rohe, para aí transportando a antecâmara da morte da Biblioteca Laurenciana de Michelangelo.

Mas depois de uma refeição no restaurante declarou: "Anybody who will eat that kind of food for those kind of prices will never look at a painting of mine". Recusando a ideia dos seus murais como mero elemento decorativo, Rothko devolveu o dinheiro já recebido e doou-os à Tate Gallery. Suicidar-se-ia na manhã da chegada dos quadros a Londres.

E assim nasceu o mito.

Dmitri Shostakovich (1906-1975)



No centenário do nascimento de Dmitri Shostakovich deixo-vos com a beleza da sua música : "1º concerto para violino".

Chostakovich, um dos compositores mais importantes da antiga União Soviética, encontrou inspiração na música moderna ocidental e começou a compor tomando por base as premissas atonais, com o que se converteu no expoente máximo da vanguarda soviética. Compôs então as óperas Nós (1928) e Lady Macbeth do Distrito de Mzensk (1934), assim como duas sinfonias corais. Chostakovich, acossado pelo Estado soviético np estalinismo, teve que retirar sua quarta sinfonia antes da estreia. A 5ª sinfonia, uma das mais celebradas.recupera experiências anteriores ao nível da composição. Durante a Segunda Guerra Mundial as suas obras possuem um marcado tom patriótico e Chostakovich, que havia novamente conseguido uma certa liberdade criativa, foi o primeiro compositor a receber o título de "Herói do Movimento dos Trabalhadores Socialistas" (1966). Além de suas 15 sinfonias, criou importantes obras de música de câmara, 15 quartetos para cordas, , peças para violino e jazz suites. Fez inúmeras bandas sonoras para filmes a começar pelp "Couraçado Potemkine" de Eisenstein, e as suas obras surgem nos mais variados filmes como o último Kubrick "Eyes Wide Shut".

Na FNAC, podemos encontrar um DVD com as Sinfonias 6 e 9 sob direcção de Leonard Bernstein. Na amazon recomendo um CD da EMI com as sinfonias completas.

Mais videos aqui.

sábado, setembro 23, 2006

Tate Modern

Ele brilhou numa instituição do Porto, que é uma referência nacional e internacional. Em 2002 transferiu-se para Londres, não resistindo ao apelo das libras e da instituição que o chamava. Falamos de quem? Não, não é do que estavam a pensar, esse foi em 2004. Falo de Vicente Todoli, antigo director de Serralves, hoje à frente dos destinos da Tate Modern, inaugurada em 200, e que é já um dos símbolos da nova Londres.



Museu fabuloso, obra arquitectónica notável, dos suiços Herzog e Meuron, que em 2001 ganharam o Pritzker prize, o Nobel da Arquitecura. Localizada nas instalações da Bankside Power Station, os trabalhos de recuperação prosseguem, estando prevista para 2012 uma gigantesca pirâmide de vidro, consagrada à fotografia e video. Centro cultural que é uma referência mundial, albergando uma colecção permanente notável, autêntico dream team da arte moderna , é ainda palco de exposições como a de Kandinsky, de que já falei, ou a de “Dali e o cinema “ que se anuncia para Junho de 2007, que por si só justificam a visita.

PS: Não deixem de tomar um café ou mesmo almoçar no restaurante do museu, com vistas fabulosas da cidade, em frente a St. Paul Cathedral, com a City ali ao lado.

QUARTO DE HOTEL ( 15) Courthouse Kempinski London


O Kempinski Courthouse, inaugurado em 2005, foi o hotel que escolhi para a minha estada em Londres. Localização perfeita, entre a Carnaby e a Regent Street, a dois passos do luxo de Mayfair e da Bond St, ao lado do Soho e dos teatros da West End.

Como o seu nome indica, o Courthouse é um antigo tribunal. Cheio de História. Aí prestaram depoimento nomes como Napoleão III e Oscar Wilde, aí foi julgado o caso Profumo, acusados de posse de cannabis Mick Jagger, Keith Richards, Johny Rotten ou Francis Bacon.

Reminiscências do tribunal permanecem, como as barras de aço que separam o lobby do bar, que tem três espaços mais intimos que são as antigas celas, numa decoração sexy, de cores fortes e apelativas.

A sala dos pequenos almoços e restaurante são antigas salas de audiências, e as suites os gabinetes dos juízes.

O meu quarto, individual, era pequeno mas funcional, madeiras casando bem com os metais. Tinha LCD, ligação de banda larga e internet na TV para quem não levava laptop. A cama com lençóis de algodão do Egipto e um colchão ultraconfortável, fazia com que acordasse sempre fresco após rápidas 4-5 horas de sono.

Casas de banho com mármore, vidro e aço numa conjugação de design e conforto.

O Spa do Hotel é pequeno, mas muito simpático, com a particularidade de ser necessária marcação para a piscina, pois só admitem 4 pessoas ao mesmo tempo, o que a torna excelente.

Excelente o apoio do concierge, com a particularidade de ter um simpático português de seu nome Tiago. Reservas para os teatros ou restaurantes, informações sobre qualquer horário ou detalhe é com eles.

Hotel único, com excelente localização, sem a grandeza de um Browns, Lanesborough ou Ritz, mas por metade do preço destes, o Kempinski é uma boa escolha para uma escapadela a Londres. Não se recomenda a advogados ou juizes porque não se sentirão em férias.

Courthouse Hotel Kempinski, 19-21 Great Marlborough Street
Quartos desde 220€, em APA.


sexta-feira, setembro 22, 2006

Autumn Leaves



"Autumn Leaves" Bill Evans Trio (1966)

Na chegada do Outono deleitem-se com estas lendas: Bill Evans no piano, Eddie Gomez no baixo e Jack de Johnnete na bateria. Fabuloso.

Colecção Dr. Gustav Rau no M.N.A.A.


Fra Angelico, S. Miguel, 1424-25

Boa notícia: a colecção do Dr. Rau, de que aqui falei, tal foi o sucesso, permanecerá mais um par de semanas, em exibição no Museu Nacional de Arte Antiga. Poderá ser visitada até ao dia 15 de Outubro.
O Dr. Rau, é um raro e exemplar testemunho de filantropia militante. Devotou grande parte da sua vida a ajudar os mais necessitados. Curiosamente, tinha jé 40 anos quando foi estudar medicina na Universidade de Munique. Graduou-se em 1969, vendeu os negócios herdados do pai(ligado à Mercedes-Benz) e do tio (dono dos famosos caldos Maggi), e especializou-se em medicina tropical e pediatria, tendo, em 1971, criado a Fundação Médica do Dr. Rau. O objectivo era combater a pobreza no Terceiro Mundo e promover a saúde e alfabetização.

A Oração de S. Domingos, El Greco, 1610
Começou a sua obra pela Nigéria, tendo sido na fronteira do Zaire com o Ruanda que concentrou esforços e a fortuna. Em 1977, construiu um hospital que atendia dois mil pacientes/ano e distribuía alimentos a mais de oito mil pessoas/dia. O hospital ainda existe e foi por ele que abdicou do sonho de ter um museu em Marselha (chegou a construí-lo mas ofereceu-o à cidade). Regressado à Europa em 1997, viveu em França e no Mónaco e guardava em Zurique o seu tesouro artístico - que aumentou deixando África três vezes por ano, para ir a leilões na Europa e EUA. Um acervo ímpar que cobre 500 anos de História da Arte, adquirido seguindo apenas o próprio gosto.
Já no fim da sua vida, em 1999, fez um testamento a favor da Unicef Alemã, em que deixa em legado a sua fabulosa pinacotecao. Nessa altura, foi a mesma avaliada em 600 milhões de dólares (hoje, 470 milhões de euros) - a segunda maior do mundo, dizem os peritos, depois da Thyssen (Madrid).

Rosto de Mulher, Renoir
Por disposição testamentária terá de correr mundo durante 25 anos. A Unicef decidirá depois o que fazer com ela, mas o dinheiro só poderá ser usado em causas filantrópicas.
De Fra Angelico a Bonnard, o Dr. Rau, demonstrando um gosto raro e clássico, conseguiu reunir um espólio de elevadíssima qualidade e coerência. Uma visita à colecção, é uma viagem no tempo. Um relanse ou um esgar pela história da pintura - ou da Arte Ocidental: Luini, El Greco, Canalleto, Gainsborough, Fragonnard, do Renascimento ao Barroco, até aos Impressionistas, Renoir, Manet, Monet, Pissarro, Cézanne, Toulouse-Lautrec, e Simbolistas, Bonnard ou Sisley já em pleno séc. XX.
Uma visita obrigatória!!!

O Mar em Estaque, Cézanne, 1876

Os LP's do meu baú (4) ""Songs from the Wood"

Na minha incursão pela Virgin deitei uma olhadela à secção dos vynil. Por lá vi um álbum que muito me acompanhou em noites de estudo. Era o álbum preferido do meu primo Manel. Que saudades Manel...

Os puristas dos Tull preferem os "Aqualung" e "Thick as a Brick", pérolas do rock progressivo, as lá em casa érqmos contagiados pela energia que emanava do folk de "Songs From the Wood".

"Let me bring you songs from the wood, to make you feel much better than you could know." E não é que nos sentíamos mesmo bem? E percutíamos a secretária enquanto estudávamos, do mesmo modo que a percuto ao fazer este post ao ritmo da flauta mágica de Ian Anderson, misto de moderno bobo da corte e Robin Hood e a sua banda de "merry man". Sonhos e contos de fadas, a floresta, seus mistérios e encantos, num casamento perfeito entre a guitarra eléctrica e os sintetizadores de Barre e Evans, e a guitarra acústica e os bandolins de Anderson. E depois de encontramos o fabuloso "Jack in the Green" tocavam os sinos do solstício. E depois de um fantástico assobiador, uma guitarra electrizante com o barrete na mão dava lugar a um melódico fogo da meia-noite.

Tive a felicidade de ver os Jethro Tull ao vivo no Coliseu em 2000, com um já cinquentão Ian Anderson tocava a sua flauta aos saltos apoiado num só pé, num concerto memorável.

Songs From the Wood (1977)
1. Songs From The Wood (4:55) 2. Jack-In-The-Green (2:32) 3. Cup Of Wonder (4:34) 4. Hunting Girl (5:13) 5. Ring Out, Solstice Bells (3:47) 6. Velvet Green (6:05) 7. The Whistler (3:31) 8. Pibroch (Cap In Hand) (8:38) 9. Fire At Midnight (2:27)
CD: Na amazon.uk £ 6.99, na FNAC € 11.90
Vynil: Na amazon.com $22.35

DVDteca - Às compras em Londres








A Virgin Megastore em Picadilly e a HMV do Trocadero Centre bem merecem o epíteto de Megastorse e são o paraíso dos cinéfilos. Dos melómanos também, mas fui lá em busca de filmes. Lá pude encontrar relíquias como “O Couraçado Potemkine” de Eisenstein, “Ordet” de Dreyer, “Fim do Verão” de Ozu, todos os Bergman, Kurosawa, Godard, numa excelente secção de cinema de autor. Lá encontrei também o espantoso "Pai e Filho"de Alexander Sokurov de que vos falarei noutra altura. Para além de uma longa lista de filmes a £8, entre os quais muitos dos grandes filmes de 2005. A minha malinha veio "loaded" de DVD's londrinos.

quinta-feira, setembro 21, 2006

TABLES DU MONDE (12) GORDON RAMSAY

Gordon Ramsay é o chef inglês mais consagrado. Estendeu o seu império a quatro restaurantes,todos cotados entre o top-ten da oferta gastronómica londrina. É um star chef, que brilha em dois programas de televisão. Conseguir mesa nos seus restaurantes não é tarefa fácil, sendo recomendável reservar mesa com mais de um mês de antecedência .Foi o que fizemos, tendo conseguido mesa para seis no seu restaurante no Hotel Claridges. Integravam o grupo os meus amigos e já habituais convivas destes repastos, Joaquim, António e Manuel, estes acompanhados por suas esposas. Não conseguimos a cobiçada ( e cara) “chefs kitchen table”, onde se trocam experiências com o chef Mark Sargeant, que dirige a cozinha.

A sala no seu esplendor Art Deco com candelabros em tecido dourado e o serviço, inexcedivel, conferem o requinte que casa com o”jacket and tie recquired”. A carta de vinhos é notável, embora seja impossível escolher sem olhar para o arrepiante montante de algumas ofertas. Optamos assim pelo excelente Alion, um Duero pujante com muita madeira. Nota para a presença de cinco Luis Pato na carta.

Nas entradas em boa hora resisti aos apelos do“Foie gras de pato com cerejas maceradas, gengibre em pickles , couve-flor e creme de amêndoa” porque as “Vieiras apanhadas à mão ao vapor, risotto de alcachofras de Jerusalém, caramelizado de xerez e trufas” estavam divinas na frescura e o risotto perfeito no casamento de Jerusalem com Al-Andaluz, capaz de terminar qualquer conflito.

Muito apreciados foram ainda“Tortellini de robalo, presunto defumado e vieiras, funcho e purê de baunilha”

Como prato principal optei pelas “Bochechas de porco estufadas em mel e cravinhos com os seus sucos, batatas de dauphinoise”, de fazer crescer água na bochecha só de as relembrar, pela perfeita conjugação da carne com os sucos, adoçura que o mel lhe conferia e as ervas que o temperavam.

O Joaquim gabou a “Perna de Perdiz cinzenta 'en vessie', batatas à padeiro , cenouras vidradas e cebolas, molho de Madeira”, que honrava as perdizes da Paula, sua esposa.

O Manuel revisitou o “Pombo de assado com verduras de outono, farci de alface, sopa leve de trufa”, de arrulhar por mais. O António rendeu-se à “Sela de cordeiro de Romney, com repolho de sabóia, feijão verde,gnocchi de azeitona e pão doce”, mal passada, sublime. As senhoras foram no peixinho, “Filete de peixe Galo numa cama de espinafre bebé com batatas ao açafrão e bouillabaise de mariscos” que reputaram de excelente.

Nas sobremesas brilharam o “Fondant de chocolate Valrhona e avelã com feullantine e sorvete de nata”, o “Pratinho de Trio de Ananás: ravioli, bavaroise e Tatin”, evocativo do Michael Mina, a" Gelatina de Limão e Maracujá, com Gelado de banana e Madalenas quentes de laranja" e o “Crème Brûlée com folha de lima e salada de amoras”. Por mim não resisti ao exotismo do “Variação de Morango com sorvete de Pérrier e Manjericão”. Saborear um sorvete com sabor a Pérrier é algo que nunca tinha imaginado. Casar Pérrier com manjericão está para lá do Paraíso.

Terminámos com café e mignardises. Jantar excelente, cozinha creativa que aposta na frescura e excelência dos ingedientes.Este Gordon é um verdadeiro tufão.

No regresso ao nosso hotel, experiência tão rara como o sorvete de Pérrier, foi depararmos no coração de Londres, entre a Regent e Carnaby St., com uma raposa. Não, não foi imaginação. O Manuel registou o encontro em fotos que publicarei logo que possa.

Gordon Ramsay at Claridge's
55 Brook Street, W1S 1EY
Tel 020 7499 0099

Entrada, Prata e Sobremesa £65, a que se deverá somar as bebidas e 12.5% de serviço.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Para fora cá dentro - Tia Alice

Há dias jantei no Tia Alice. Curiosamente, toda a vez que vou a Fátima, em Julho há-de ser, a casa de repasto está de portas cerradas. Agora, vindo da magnífica exposição do médico e filantropo Gustav Rau patente no Museu Nacional de Arte Antiga (encerrou dia 19), acabei por ir lá.
O restaurante é escorreito, simpático, despretensioso.

Garfo de ouro (Boa Cama e Boa Mesa, Expresso 2006), é demais (o serviço é uma simpatia, não pode ser nisso melhor, mas não é perfeito, como se exigia), embora ande lá perto. A amesendação é sóbria, toalha imaculada e baixela a condizer, com breve apontamento extravagante no simples e austero “couvert”. Garfo de Ouro sim, mas para a vitela - um primor na textura e na confecção. O bacalhau gratinado estava bom (noz moscada a mais, talvez, para um estágio superior), mas a companhia - grelos cozidos e regados com azeite - um deleite, no género, para o palato. Nos "postres", nota elevada quer para o já famoso gelado de nata com chocolate quente e amêndoa torrada (ultrapassa, em muito, a vulgaridade de um quente frio - mas era desnecessário o palito cuétara... até no melhor pano...), também para o bolo de noz com ovos moles (não eram excelsos mas cumpriam muito bem a função), e a salada de fruta tropical, não desmerecia o epíteto - honesta, portanto. Referência para as “vistas”:

......uma fotografia (não é a que aqui se mostra), soberba, de Jorge Molder (são sempre auto-retratos do próprio mas a desconstrução que faz ultrapassa em muito o auto-retrato, é pura ficção). Boa carta de vinhos.