Os “Seagram Murals”, obra maior do pintor expressionista abstracto Rothko, o favorito do meu amigo Rui G., são a obra emblemática da Tate Modern.
A obra está ligada à lenda e a um enigma. Nasceram de uma encomenda do restaurante “Four Seasons” no Seagram’s Building em Manhathan, arranha céus que é uma jóia arquitectónica de Mies van der Rohe. Na década de 60 o restaurante era símbolo de opulência e poder. Ainda nos dias de hoje CEO de grandes companhias americanas, embaixadores, Henry Kissinger têm lá mesa marcada para o almoço. As suas paredes parecem um museu com obras de Pollock, Picasso e Miró.
No final da década de 60 Rothko pintou nove quadros que deveriam decorar as paredes do restaurante. A inspiração foi buscá-la a Florença e a Michelangelo.
Os murais de Rothko na Tate Modern encantam na sua opressão e crueldade. Um crítico deles disse que parecem existir na parte de dentro das pálpebras. Representam as últimas luzes e cores registadas por um cérebro prestes a desligar.
Diz-se que Rothko concebeu os murais como arte violenta, vingança estética , para atormentar as refeições no restaurante que ele definiu como "a place where the richest bastards in New York will come to feed and show off". O seu projecto era criar uma anti-arquitectura que perturbasse a prdem racional de Mies van der Rohe, para aí transportando a antecâmara da morte da Biblioteca Laurenciana de Michelangelo.
Mas depois de uma refeição no restaurante declarou: "Anybody who will eat that kind of food for those kind of prices will never look at a painting of mine". Recusando a ideia dos seus murais como mero elemento decorativo, Rothko devolveu o dinheiro já recebido e doou-os à Tate Gallery. Suicidar-se-ia na manhã da chegada dos quadros a Londres.
E assim nasceu o mito.
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